2.5.11

A morte de Bin Laden


“O procurado número um o escritório de Inteligência dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês) foi morto no domingo (1º), por uma operação militar em Abbottabad, a 150 quilômetros de Islamabad, capital do Paquistão. O anúncio foi feito pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em pronunciamento de rádio e televisão na noite de domingo. Segundo ele, os oficiais mantiveram o corpo de Osama Bin Laden depois de terem-no matado.”

Osama Bin Laden, filho de saudita bilionário, era pouco conhecido pelo público em geral até os ataques terroristas de 11 de Setembro contra os EUA. Logo após os atentados Osama aparece em vídeo negando a autoria, entretanto algum tempo depois assumiu todo o planejamento da catástrofe.
Na empreitada dos Estados Unidos contra o comunismo, e a União Soviética, ainda em tempos de Guerra Fria, Bin Laden foi um importante aliado americano liderando grupos árabes, contando inclusive com financiamento da CIA (agência de inteligência). A parceria passou por abalos quando, no início dos anos 90, quando Osama funda a organização Al-Qaeda e passa a perceber no ‘Tio Sam’ aquilo que a União Soviética representava: uma força imperialista não-islâmica atuando no Oriente Médio e que legitimava governos corruptos existentes. É neste contexto que dá-se o início da ruptura com a CIA que o intitula como ‘terrorista fundamentalista’ e não mais ‘revolucionário da liberdade’.
Com os acontecimentos de 11 de Setembro o então presidente dos Estados Unidos, Bush, classificou os atentados como uma declaração de guerra e lança ‘uma nova cruzada a ser travada contra o mal’. Com a retórica parecida, Bin Laden também conclamava os seus a travarem uma guerra santa (jihad) contra quem ele considerava o mal personificado, ‘o Grande Satã’.
Mesmo sem comprovar o envolvimento direto de Bin Laden, e até mesmo da Al- Qaeda, os EUA decidiram ‘dar nomes aos bois’ e qualificaram que por sua liderança e força dentro dos grupos islâmicos Osama seria um dos principais responsáveis pelos atentados de 11 de setembro. Ou seja, como analisou o autor Chomsky, sobre a postura norte-americana: “é sempre mais fácil personalizar o inimigo, identificar um símbolo do Grande Mal, do que buscar compreender o que está por trás das atrocidades cometidas. E, é claro, existe sempre a tendência de se ignorar o papel desempenhado por si mesmo”.
Conforme anunciado mundialmente, a morte de Bin Laden gerou certo alívio aos estadunidenses, como um sentimento de dever cumprido (não realizado por Bush, mas por Obama) e preocupação em relação a possíveis retaliações. A declaração sobre o assassinato do saudita aconteceu após quase um mês do anúncio da campanha de reeleição de Barack Obama. O combate à Al-Qaeda e a perseguição a Bin Laden foram pontos centrais durante a corrida presidencial de 2008, que o levou à Casa Branca.
Esta certamente não será apenas uma vitória da administração de Obama, mas um fato que poderá iniciar uma nova fase na política externa americana em relação ao Oriente Médio, bem como o mundo. Para Obama, a morte "marca o maior feito até hoje" contra a rede Al Qaeda. "Devemos também reafirmar que os Estados Unidos não estão nem nunca estarão em guerra contra o Islã. (...) Bin Laden não era um líder muçulmano, de fato, ele massacrou muitos muçulmanos", disse o presidente americano em seu discurso. Além da morte, a comemoração dela em solo estadunidense, poderá gerar uma série de eventos de ‘violência antiamericana’ em todo o mundo, em curto, médio e longo prazo.
Possivelmente ainda teremos muitas informações sobre a morte e o corpo de Osama, bem como ações norte-americanas e advindas do Oriente Médio sobre o fato. O cuidado em cada dado revelado deve ser pela necessidade de se evitar que as pessoas reconheçam Bin Laden como um mártir e evitando, ao máximo, o aumento do sentimento antiamericanista pelo mundo. Afinal de contas UMA liderança foi exterminada, mas a ação da Al-Qaeda (e etc) transpassa as fronteiras dos Estados, é uma rede global.